quarta-feira, 26 de julho de 2017

Assassinato de universitário prova como traficantes impõem suas "leis" na periferia

Nas áreas dominadas pelas facções criminosas, a rotina das comunidades é regrada pelas ordens dos bandidos. Quem desobedecer paga com a vida




A morte do estudante universitário Guilherme Maia, na noite do último domingo (23), poderia ser encarada pelas autoridades como apenas mais um número na desastrosa estatística da criminalidade no Ceará. No entanto, foi mais além. Mostrou o quanto anda a Segurança Pública no estado, com taxas de assassinatos chegando à estratosfera. Na periferia da Capital, principalmente, as ordens dos traficantes têm que ser obedecidas fielmente.

Guilherme Maia era universitário, tinha apenas 22 anos e trabalhava para ajudar o pai, o radialista Guido Maia. Guiava um automóvel a serviço do Uber. Naquele dia, fez uma corrida até o bairro Ancuri. No retorno, não percebeu que os bandidos haviam determinado que os vidros dos veículos deveriam estar abaixados. Pagou com vida por, involuntariamente, não obedecer à determinação do crime.

Assim como Guilherme, dezenas de jovens perdem a vida todos os meses no Ceará. A estatística dos Crimes Violentos, Letais e Intencionais (CVLIs) cresce vertiginosamente, e neste mês de julho, já superou em mais de 30 por cento a do mesmo período de 2016. É uma matança sem fim, que já ceifou a vida de mais de duas mil pessoas em apenas sete meses. O barquinho chamado “Ceará Pacífico” afundou de vez!

FORTALEZA SANGRA

A Capital cearense continua líder no ranking das áreas mais violentas do estado. Somente neste mês de julho, que ainda não findou, cerca de 135 pessoas foram assassinadas. São números catalogados até o dia 24. No estado inteiro, foram registrados 348 homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de óbito. Isso representa um aumento da ordem de mais de 30 por cento em comparação a julho de 2016, quando a Secretaria da Segurança catalogou 255 homicídios. A guerra de facções criminosas tem sido o combustível dessa verdadeira guerrilha urbana, que inclui o uso de armas de grosso calibre, entre elas, fuzis, metralhadoras e submetralhadoras. Até granadas militares já foram arremessadas por bandidos contra patrulhas da PM. Zona de guerra!

FALÊNCIA DA INVESTIGAÇÃO

0 comentários:

Postar um comentário