Segundo informações de moradores do engenho, o assassinato ocorreu por volta das 21h, quando sete homens encapuzados e armados invadiram a casa de Geovane.
De acordo com relato da mãe do menino à CPT (Comissão Pastoral da Terra), braço agrário da Igreja Católica, os suspeitos atiraram primeiro no homem. Ela e o filho se esconderam embaixo da cama, mas os criminosos arrastaram o menino e atiraram contra ele.
Agricultores afirmaram à CPT que a casa de Geovane já havia sido alvo de outros atentados. A comissão pede que a investigação do crime apure uma eventual relação com o conflito agrário existente na região.
A ocupação do engenho pelas famílias, na condição de agricultoras familiares, ocorreu após a falência das usinas onde trabalhavam ou eram credoras.
Segundo a CPT, nos últimos anos a comunidade vem sofrendo diversas ameaças e violências por empresas que exploram economicamente a área, com intimidações, destruição de lavouras e com contaminação das fontes de água.
Segundo a instituição, os casos já foram denunciados às autoridades, sem que medidas efetivas tenham sido tomadas pelo Estado.
O corpo da criança foi enterrado na tarde desta sexta-feira (11). Moradores realizaram um protesto e levaram cartazes com dizeres de “saudades”.
Em nota, a Polícia Civil do Pernambuco afirmou que o delegado titular de homicídios de Palmares, Marcelo Queiroz, foi designado para apurar o fato. A Delegacia Seccional de Palmares e a Delegacia de Barreiros estão dando apoio nas investigações.
A corporação disse que “está empenhada na investigação, até a completa elucidação e responsabilização penal” dos envolvidos. Guarnições da Polícia Militar seguem fazendo incursões na área para localizar os suspeitos.
A polícia realizou perícia no local do crime nesta sexta-feira (11) e coletou o depoimento de dois vizinhos. Segundo Lenivaldo Lima, advogado da CPT, a cena do crime não foi preservada até o momento da perícia, já que a família havia lavado o cômodo após a morte do menino.
Ele disse à reportagem que os pais estavam muito abalados e que, por isso, ainda não haviam sido ouvidos pela polícia. A previsão é a de que eles prestem depoimento na segunda-feira (15) à tarde.
Lenivaldo passou o dia todo no engenho, acompanhando a família. Ele diz que os moradores estão muito amedrontados e afirma que durante as conversas não surgiu outra possível motivação para o crime além do conflito agrário.
“Eles dizem: ‘Como que isso pode ter acontecido? Uma família que não faz mal para ninguém, que não tem nenhum inimigo, nenhum desafeto’.”
O PEPDDH (Programa Estadual de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos) planeja uma visita à comunidade neste sábado (12) para fazer uma escuta no local.
Segundo informações repassadas à CPT, os moradores poderão ingressar neste programa ou no Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas de Pernambuco, a depender da avaliação.
Se houver interesse dos moradores, eles poderão deixar o local e ingressar imediatamente no Núcleo de Acolhimento Provisório./ Folha SP
Foto: reprodução
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