A pele de tilápia revolucionou o tratamento de queimaduras e outras condições na Medicina regenerativa brasileira, graças à técnica inovadora desenvolvida pela Universidade Federal do Ceará (UFC) em 2015. Uma década depois, o uso desse material foi ampliado para úlceras, cirurgias de reconstrução vaginal, redesignação sexual e aplicações veterinárias. Agora, a UFC planeja levar a tecnologia ao mercado, tornando o produto acessível à população.
Para isso, foi lançado um edital público que convida empresas a se candidatarem para obter a licença de uso, desenvolvimento, produção e comercialização da pele de tilápia liofilizada. O processo, aberto até 14 de fevereiro, escolherá a proposta mais vantajosa para a concessão da patente, registrada no final de 2024. Até o momento, a produção desse material tem sido destinada exclusivamente a pesquisas. Propostas podem ser enviadas para ufcinovaparcerias@ufc.br, e o edital está disponível em ufcinova.ufc.br/pt/oferta-publica-2.
🐟 PESQUISA PIONEIRA
Os estudos começaram em 2015 no Núcleo de Pesquisas e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da UFC, sob coordenação do professor Manoel Odorico de Moraes Filho e do médico Edmar Maciel Lima Júnior, do Instituto Dr. José Frota. A equipe buscava uma solução para tratar queimaduras de segundo grau e feridas agudas ou crônicas, substituindo a pele de porco usada nos EUA, cuja importação era inviável no Brasil.
A pele da tilápia, rica em colágeno tipo I, demonstrou alta eficácia ao acelerar a cicatrização, proteger contra infecções e aliviar a dor. O material se adere à lesão, formando uma barreira que evita a perda de líquidos e invasão bacteriana, preenchendo uma lacuna no tratamento brasileiro.
Além da eficiência clínica, a pele da tilápia é economicamente viável. Proveniente do peixe mais consumido no país, especialmente no Nordeste, sua pele costuma ser descartada – apenas 1% é reaproveitado no artesanato. A tilápia, criada em abundância no Brasil, é também mais segura em termos de transmissão de doenças, comparada a materiais de origem terrestre.
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