Em um campo perto de Great Bardfield, em Essex, na Inglaterra, arqueólogos e militares americanos e britânicos vêm reconstituindo uma tragédia esquecida da Segunda Guerra Mundial. No local, há mais de 80 anos, o Segundo-Tenente Lester Lowry, então com apenas 23 anos, caiu com seu avião P-47 Thunderbolt durante um exercício de treinamento, em 26 de janeiro de 1944. Seu corpo jamais foi recuperado — até agora.
A operação de escavação, supervisionada pela Agência de Contabilidade de Prisioneiros e Desaparecidos de Guerra (DPAA) do Departamento de Defesa dos EUA, com apoio do Ministério da Defesa do Reino Unido e da Cotswold Archaeology, busca recuperar os destroços da aeronave e quaisquer restos humanos para repatriá-los à família de Lowry, na Pensilvânia.
O caça, ironicamente batizado de “Lucky Boy” (“Garoto de Sorte”), mergulhou no solo e explodiu em chamas diante de moradores locais, que testemunharam impotentes o acidente. O jovem piloto, do 487º Esquadrão de Caça, integrava o grupo responsável por escoltar bombardeiros aliados em missões contra a Luftwaffe nazista.
História perdida
As escavações revelaram milhares de fragmentos do avião, como cabeçotes de cilindro, pistões, válvulas e partes do sistema de combustível. Entre os achados mais tocantes estão os prendedores do cinto de paraquedas de Lowry, que ele nunca chegou a usar.
“É impactante, porque ele estava controlando a aeronave em seus últimos momentos”, afirmou Sam Wilson, arqueólogo-chefe da Cotswold Archaeology, ao The Guardian. “As peças pessoais, como os clipes do cinto, criam uma conexão humana intensa — você sente que está reencontrando a pessoa”.
Os arqueólogos também encontraram fragmentos do painel de controle, botões de ventilação e degelo, e partes da metralhadora M2 Browning do caça. O material será analisado no laboratório da DPAA em Nebraska, antes de ser dividido entre museus do Reino Unido e dos Estados Unidos.
Heroísmo silencioso
A história de Lester Lowry é especialmente trágica. Órfão desde os nove anos, foi criado por uma tia, que anos depois receberia o telegrama com a notícia de sua morte. Documentos militares mostram que o piloto havia completado apenas 47 horas de voo — menos da metade do treinamento recomendado — quando foi enviado para o campo de batalha.
No entanto, segundo o ‘The Guardian’, novas evidências sugerem que Lowry pode ter evitado uma tragédia ainda maior. Em entrevista ao programa “Hidden Wonders”, do canal More 4, que apresentará a escavação em 4 de novembro, a apresentadora Sandi Toksvig contou que um morador local, hoje com 90 anos, testemunhou o acidente. Ele acredita que Lowry desviou propositalmente o avião para longe de um pátio escolar cheio de crianças.
“De repente, a história toda virou de cabeça para baixo”, disse Toksvig. “Talvez Lowry não fosse inexperiente. O que ele realmente era — era um herói”.
Com informações do Aventuras na História







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