quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Dólar ultrapassa R$ 5,90 e economistas alertam risco de descontrole da inflação no Brasil



Nesta quarta-feira, 27, o dólar atingiu a marca histórica de R$ 5,90, reacendendo temores de um descontrole inflacionário no Brasil. O movimento abrupto da moeda americana reflete a reação negativa do mercado diante de rumores sobre a possível ampliação da isenção do Imposto de Renda (IRPF) para brasileiros com renda mensal de até R$ 5 mil — uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 


Mercado em alerta: dólar dispara e Ibovespa cai 


Por volta das 14h30, o dólar já havia alcançado R$ 5,906 na máxima do dia, encerrando a tarde negociado a R$ 5,92, com valorização de 1,8% apenas no intradia. O impacto também foi sentido na bolsa de valores: o Ibovespa caiu 1,45%, alcançando 128.067 pontos. Paralelamente, os juros futuros dispararam, com a taxa do DI para janeiro de 2027 subindo 35 pontos-base, alcançando 13,675%. 


Anúncio iminente agrava incertezas 


Os rumores de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciará um pacote fiscal com medidas de renúncia de arrecadação acentuaram as incertezas do mercado. Haddad fará um pronunciamento oficial às 20h30, e há expectativa de que confirme a isenção de IRPF e outras mudanças fiscais, incluindo a taxação de super-ricos. 


Luiz Marinho, ministro do Trabalho, confirmou que o pacote incluirá “imposto para super-ricos” e isenção de IR para salários de até R$ 5 mil. Segundo ele, o plano será “diferente do que vinha sendo ventilado”, mas sem cortes drásticos de gastos públicos. 


Impacto fiscal: bilhões em jogo 


A promessa de ampliar a faixa de isenção do IRPF para até R$ 5 mil mensais pode gerar renúncia fiscal de até R$ 100 bilhões anuais, dependendo de como a medida será desenhada. Até o momento, o governo já ampliou a isenção para rendas de até R$ 2.640, o que resultou em uma perda de R$ 3 bilhões por mês em arrecadação. 


Economistas alertam que medidas fiscais sem compensações claras podem abalar ainda mais a credibilidade do governo no mercado. “O Brasil já enfrenta dificuldades para cumprir as metas do arcabouço fiscal, e uma renúncia dessa magnitude sem cortes equivalentes de gastos pode comprometer a trajetória da dívida pública”, afirma o economista Gustavo Cunha. 


Inflação e poder de compra sob risco 


A valorização do dólar pressiona diretamente a inflação ao encarecer produtos importados, como combustíveis, alimentos e insumos industriais. Com a moeda americana acumulando alta de mais de 21% em 2024, o custo de vida dos brasileiros segue ameaçado, dificultando ainda mais o controle inflacionário e a manutenção das taxas de juros em níveis sustentáveis. 


Além disso, o impacto cambial aumenta a percepção de risco do Brasil no exterior, dificultando a atração de investimentos e a recuperação econômica.


(Diário do Poder)


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